
A CIGANA
Na minha meninice uma cigana certa vez me disse, que eu ia ser feliz!
Que lendo minhas mãos em suas linhas via, um traço de rara fantasia e inegável valor, dentre tudo que me disse, disse Amor.
Muito amor.
Cresci, tornei-me moça.
Amei o quanto pude.
Da maneira melhor que então supunha.
O amor em mim tornou-se virtude e o preconceito em vão entrepunha-se aos meus desejos. A sucumbir, beijos por fim beijos.
No amor jamais conheci resistência.
Se algum por conveniência punham os olhos no chão, se uns choravam após a posse, outros sorriam. E em todos eles, entretanto, havia o desejo acima de tudo.
Mas todos se foram da minha vida, como leves plumas sopradas pelo vento.
O vaticínio tem sua filosofia.
E a ventura esperada, era o pão de cada dia.
E por isso a cigana mentiu para me ver feliz.
Haaaa! Cigana, estou aqui com a alma triste e prostrada, examine!
E olho por tão deserto o caminho certo.
Já não há mais cigana pela estrada.
De Rúsia Murga
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