segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tempestade



Sentada à mesa,
pela janela aberta a minha frente assisto a chuva,
forte,
chicoteante.
A goiabeira de copa larga dança em volteios e faz-me relembrar a suavizada euforia de brincar na chuva,
pés descalços espocando poças.
Simplesmente delicioso.
Não escuto nenhum som humano porque a voz da chuva antecipa-se a tudo.
Gosto tanto disso,
dessa espécie de silêncio acolhedor,
pleno de natureza,
um cheiro único,
água e mato e pedras.
Nenhuma voz ferindo a hora,
agredindo a vida,
só a chuva e o vento conferindo ao meu cantinho um ar de retiro nas montanhas.
Telma Monteiro

Todas as Vidas


Vive dentro de mim uma cabocla velha de mau-olhado,
acocorada ao pé do borralho, olhando para o fogo.
Benze quebranto. Bota feitiço... Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro. Ogã, pai-de-santo...

Vive dentro de mima lavadeirado Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso d'água e sabão. Rodilha de pano.
Trouxa de roupa, pedra de anil.
Sua coroa verde de São-caetano.

Vive dentro de mim a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola. Quitute bem feito.
Panela de barro. Taipa de lenha.
Cozinha antiga toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda. Cumbuco de coco. Pisando alho-sal.

Vive dentro de mim a mulher do povo.
Bem proletária. Bem linguaruda, desabusada,
sem preconceitos, de casca-grossa, de chinelinha, e filharada.

Vive dentro de mim a mulher roceira.
Enxerto de terra,
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos, seus vinte netos.

Vive dentro de mim a mulher da vida.
Minha irmãzinha...
tão desprezada, tão murmurada...
Fingindo ser alegre seu triste fado.

Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida - a vida mera das obscuras!

Cora Coralina

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Unhas roídas? Saia dessa!



Medo, insegurança e rejeição podem ser os responsáveis por este hábito, como forma de aliviar a ansiedade e a depressão.

Geralmente, você nem percebe o que está fazendo. Mas basta uma rápida olhada em seus dedos para ver o resultado: unhas roídas e dedos machucados . Isso acontece com você? Pois saiba que o hábito de roer as unhas, além de anti-higiênico, pode revelar um pouco sobre seus sentimentos .
...
Muitas vezes, quem tem essa mania são pessoas introvertidas e muito ansiosas , que não conseguem lidar perfeitamente com as coisas que as incomodam.

Sentimentos como medo, insegurança e rejeição podem desembocar nesta quase compulsão como forma de aliviar a ansiedade que sentem. É uma forma de agressão contra si próprio.

Por outro lado, os pesquisadores também tentam descobrir por que há um grupo de pessoas que desenvolve esse hábito tão difícil de deixar de lado. Por enquanto, há uma hipótese :

Há estudiosos que acreditam que algumas pessoas nascem com essa tendência. Um dia, geralmente na infância, quando se encontram em situações de muito estresse ou estão diante de uma grande responsabilidade, usam deste artifício para se acalmar. E, ao perceberem que funciona, acabam sugestionadas e passam a fazer disso um hábito.

As dicas para quem quer dar um basta nas unhas roídas vão desde colocar unhas postiças, usar esmaltes coloridos ou produtos específicos (com gosto amargo ou picante), que ajudam a pessoa a vencer essa mania.

Uma dica é mandar fazer numa farmácia de manipulação um esmalte com aloína(3%).

Para as garotas, uma boa idéia é ir à manicure semanalmente. Ao ver as unhas bonitas e se sentir mais atraente, a ansiedade pode diminuir e consequentemente o hábito de roê-las.

Outro truque é se concentrar e, sempre que colocar a mão na boca, parar para pensar no que está sentindo e por que está se comportando desta maneira.

Algumas pessoas conseguem se condicionar a não roer mais as unhas, mas nem sempre sozinhas.

Quando o processo já está avançado, uma das saídas é buscar a ajuda de um terapeuta . Embora seja possível conviver com esse hábito, é sempre saudável se conhecer melhor e desenvolver novas maneiras de lidar com a ansiedade.

*Artigo publicado na Revista Nestlé*